quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

OS LOBOS – A EQUIPA UM A UM

A GEÓRGIA VEM A LISBOA NA POSIÇÃO DE FAVORITA À VITÓRIA no jogo e no Campeonato da Europa, mas com a consciência de que a sua tarefa não será fácil e de que a equipa portuguesa tudo fará para repetir os êxitos conseguidos entre 2003 e 2005.

A certeza dessa consciência é garantida com o cuidado que foi posto na preparação da equipa, e na escolha minuciosa dos seus jogadores, quase todos a jogarem em França e cinco deles na mais importante competição daquele país, a Top-14.

Mas será que esse facto será suficiente para garantir a vitória georgiana?

Sinceramente cremos que não, e se o estilo de jogo do nosso adversário se mantiver, se não houver capacidade para porem as linhas atrasadas a funcionar e a atacar – e muito – não será o maior poder, no papel, dos seus avançados que lhes dará a vitória.

E isto porque não basta dizer-se que uma equipa é superior à outra, para que ela o seja na realidade. É necessário comprová-lo no campo, e para isso há que contar com o adversário e com aquilo que ele permitirá que se faça.

E convém referir desde já que apesar das volumosas vitórias obtidas pelos Lelos nos dois primeiros jogos do torneio, a verdade é que a equipa portuguesa não tem qualquer comparação com a Ucrânia ou com a equipa espanhola que se deslocou à Geórgia.

Mas vamos dar uma vista de olhos à nossa equipa, para vermos se existem razões para entregarmos o favoritismo aos georgianos.

Pilares
Se do lado da Geórgia se vão apresentar dois jogadores experientes e poderosos, com muita rodagem na Top-14, do lado lusitano também não estamos nada mal:
Juan Murré e Cristian Spachuk tem demonstrado ser – em dois jogos de elevada dificuldade – capazes de garantir o equilíbrio das forças na formação ordenada e, tão importante como isso, tem desenvolvido um trabalho em toda a largura do terreno, com intervenções constantes na defesa ao largo e na movimentação da bola, como não é costume ver-se no europeu.
Em termos de experiência, pouco ficarão a dever aos seus adversários diretos, com Murré a ter feito os jogos da Amlin Challenge Cup quase sempre em posição de inferioridade, já que o El Salvador não é Portugal e o equilíbrio do nosso conjunto de avançados lhe dá uma muito maior cobertura, e com Spachuk a trazer na sua carga recente 20 jogos na ProD2, dos quais 14 na equipa inicial – são praticamente 1000 minutos de jogo nesta época, e a segunda divisão francesa, naquele particular aspecto das formações, pode em certas circunstâncias ser bem mais exigente que a Top-14.
No banco vai estar Anthony Alves que, apesar da sua juventude, já provou estar à altura das necessidades, e que poderá em qualquer momento ocupar um lugar dentro de campo.

Talonador
Akvsenti Giorgadze ao contrário dos seus colegas de primeira linha, e apesar de ter muita experiência conquistada especialmente em jogos da Top-14 até ao final da época passada, este ano apenas participou de um jogo do campeonato francês e por escassos quatro minutos, e em dois jogos da Heineken Cup num total de 43 minutos. Com 34 anos, o talonador da Geórgia não parece fazer parte dos planos do treinador da sua equipa de clube, nem agora, nem para o futuro.
Na equipa portuguesa João Correia não é apenas um experiente jogador, como é um jogador respeitado no grupo, a alma da alcatéia. Sólido, discreto mas eficaz, não será com toda a certeza por aí que os Lobos vão fraquejar, e se tivermos em conta que no banco está um jovem (23 anos) jogador, Lionel Campergue, que sempre que tem sido chamado tem demonstrado que o futuro do miolo da formação está assegurado, podemos ficar tranquilos. Quanto ao Lionel, só não sei se gostei daquele cortezinho de cabelo...

Segunda Linha
Dois pesos pesados da Federal 1 completam o cinco da frente georgiano e aqui Portugal leva vantagem, e essa vantagem pode mesmo significar que no conjunto dos homens da frente, a haver desequilíbrio, ele pode pender para o nosso lado.
Juan Severino não joga em França, mas quem o viu fechar a formação com a segurança com que o fez nos dois jogos anteriores, quem o viu cobrir terreno e dar consistência ao grupo, só pode dizer que a sua passagem de número 8 para fazer parelha com Gonçalo Uva, não vai diminuir o excelente trabalho que Eduardo Acosta fez até agora.
Quanto a Gonçalo Uva, a sua maturidade e o seu conhecimento do jogo garantem a qualidade do conjunto.  Sem contarmos que será o homem mais alto em campo e que em conjunto com Severino, Spachuck, Murré e Correia, contribui para os 548 quilos do cinco da frente, com que equilibramos os 547 da oposição.
No banco Rui d’Orey é também a certeza que a sua entrada em campo não vai reuzir as capacidades da equipa.

Terceira linha
Está claro que a ausência de Laurent Balangué vai ser falada, em especial depois do extraordinário jogo que ele fez na Rússia, mas a verdade é que Vasco Uva, Julien Bardy e Tiago Girão tiveram um comportamento exemplar em Novembro, e Girão, depois do repouso a que foi forçado, deve querer recuperar o seu lugar na equipa, o que, juntamente com a mobilidade e agressividade de Uva e Bardy, apenas deixa para Mamuka Gorgodze a classificação de um adversário de peso.
E digo de peso não apenas pelos seus 120 quilos, mas pela qualidade e consistência do seu jogo, que podem colocar o colega de Gonçalo Uva no Montpellier – onde tem jogado na segunda e na terceira linha asa - como uma das principais peças da equipa dos Lelos.
Quanto aos nossos asas, conseguem ocupar o terreno com grande eficácia, serão sempre duas setas visando o ataque georgiano, e quando tiverem a bola na mão são uma mais valia a que se pede apenas que não percam a cabeça.
Vasco Uva deve ter aproveitado o descanso que o nascimento da sua filha lhe proporcionou para recuperar algum cansaço acumulado, e espera-se que esteja cheio de fome de bola, coisa que Julien Brady tem sempre, nem é preciso perguntar!, e agora ainda mais com a perspectiva de vestir a camisola dos Barbarians no jogo dos 150 anos do Richmond RFC.
Jacque Le Roux é o rookie desta equipa, mas a avaliar pelo que tem feito internamente, a sua chegada à equipa é um facto com certeza positivo, e vem aumentar o nível de soluções ao dispôr de Errol Brain.

O médio de formação
Como já referimos anteriormente este poderá ser o ponto mais sensível da nossa equipa, mas Errol Brain ao optar por Pedro Leal no XV inicial, assumiu que as nossas linhas atrasadas podem render o mesmo, ou mais, do que com ele com a camisola 15, e acaba por ser uma opção que decorre do que se passou em Sochi.
Pedro Leal tem todas as condições para fazer um bom trabalho, e se a opção do treinador foi a de garantir uma maior circulação da bola ao cuidado das linhas atrasadas, então ele cumprirá com certeza a sua missão. E se as coisas começarem a correr menos bem com essa opção táctica, e houver necessidade de mudar, então José Pinto será o homem indicado para pôr gasolina no fogo dos nossos avançados.

O médio de abertura
A passagem de Joe Gardener para a posição chave do ataque foi um risco que a equipa técnica correu, mas que o tempo acabou por justificar.
O seu pontapé longo, que a equipa adopta como forma de transferir o jogo e a responsabilidade de não fazer erros, para os ombros dos seus adversários, a potência e rigor das suas transformações (já soma quatro penalidades e quatro transformações de cinco ensaios, neste europeu), que obrigam o adversário a evitar cometer faltas em qualquer lugar do seu meio campo são uma importante mais valia para os Lobos, e justificam por si só a sua chamada à titularidade.
Com os 20 pontos marcados, Joe Gardener ocupa a segunda posição na tabela dos marcadores de pontos desta competição, atrás de Merab Kvirikashvili que conta com 26, mas curiosamente na Federal 1 francesa onde ambos jogam, é Gardener que vai à frente com 165 contra 142 pontos marcados pelo Lelo..
Mas Gardener faz mais que usar os pés e pelas suas mãos têm passado muitas das movimentações ofensivas de Portugal, além de que tem melhorado substancialmente a sua capacidade defensiva.
No banco fica Pedro Cabral que com as suas 30 internacionalizações garante a segurança que um abertura tem que transmitir à equipa.

As linhas atrasadas
Este é o sector mais destacado da equipa lusitana, com um par de centros sólidos a defender e eficazes a atacar e um trio de trás de grande capacidade e rigor.
Pedro Silva e Frederico Oliveira dão todas as garantias que se podem exigir a este nível, assegurando uma quase total impenetrabilidade defensiva e a certeza de que qualquer falha na defesa adversária será explorada, enquanto Gonçalo Foro assegura não apenas uma cobertura de espaços defensivos muito agressiva, como consegue com regularidade encontrar espaços de ataque que parecem não existir.
José Lima, este ano promovido à equipa dos Lobos, cresce jogo a jogo, e são visíveis as correções que vem fazendo aos – poucos – erros que a sua juventude tem provocado nas suas actuações.
No banco Francisco Mira não compromete sempre que há necessidade de ser utilizado.
Finalmente temos António Aguilar que começou muito bem a campanha contra a Roménia na ponta direita, com uma eficácia defensiva que o distingue como um dos melhores executantes da Europa naquela posição. Mudando depois para a posição número 15, temia-se que o nível das suas actuações pudesse baixar, já que são dois sistemas diferentes de defender, os espaços são outros e isso poderia trazer algumas complicações.
Mas não foi nada disso que aconteceu, e se Aguilar souber manter a serenidade que a posição exige, e utilizar as armas do contra ataque e do pontapé longo de forma adequada, estamos certos que vai criar muitas dificuldades à equipa da Geórgia.

Em resumo
Não pretendi fazer uma análise exaustiva de cada jogadoraté porque não tenho acesso às estatísticas que a equipa técnica da nossa seleção possui, nem tive a oportunidade de analisar todos os jogos realizados em vídeo – mas apenas transmitir a idéia com que fiquei do que vi e deixar bem claro que gostei do que vi.


Agora uma coisa é certa – se há alguém que deva estar preocupado, esse será o treinador da Geórgia, que tem obrigação de ganhar, mas se calhar não tem as armas, a arte e o engenho para o conseguir.


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

PORTUGAL-GEÓRGIA, MAIS DO QUE O JOGO DO ANO

O JOGO DO PRÓXIMO SÁBADO É MUITO MAIS DO QUE O JOGO MAIS IMPORTANTE DO ANO, já que não estará em cima da mesa apenas a possibilidade de Portugal se tornar campeão da Europa de XV pela segunda vez na história, mas também por outras importantes questões.

Depois dos êxitos conseguidos frente à Roménia e à Rússia, em dois jogos que tiveram uma movimentação pouco habitual nesta divisão da Europa, e atrevo-me mesmo a dizer – tendo bem presentes as enormes diferenças entre os níveis do rugby praticado – em toda a Europa, não importa apenas ganhar, é necessário saber se a nova atitude e capacidade demonstrada por uma equipa basicamente constituída por jogadores com muitos anos de experiência, e que beneficiaram de todo um processo de evolução e maturação que foi conduzido por Tomás Morais na última década, foi fruto de factos meramente circunstanciais, ou se representa uma revolução no nível mais alto do rugby nacional.

Ou seja, será esta equipa capaz de manter os níveis que alcançou nos dois jogos anteriores, apresentando-se de uma forma consistente e com capacidade para discutir o resultado até ao apito final?

Assistimos ao vivo ao jogo com a Roménia e tivemos oportunidade de analisar com cuidado o vídeo integral do jogo com a Rússia, e o primeiro facto que importa salientar diz respeito ao ritmo do jogo, com a bola quase sempre viva, e com as equipas tentando criar situações sucessivas de ataque, a que as outras responderam com um quase constante reposicionamento defensivo que dificultou a obtenção de pontos por ensaio – e marcou mais quem melhor aproveitou os deslizes das defesas.

Nestas circunstâncias alguns erros defensivos acabaram por se tornar mais evidentes, mas se compararmos a percentagem de sucesso defensivo, com outros jogos de anos anteriores, podemos afirmar sem risco de engano, que tendo havido mais movimentos atacantes, houve, consequentemente, mais capacidade defensiva, já que o número de ensaios sofridos foi semelhante ao que aconteceu no passado (quatro este ano, contra três no ano passado, com os mesmos adversários).

Ou seja, cada vez mais os erros defensivos, mesmo depois de muita e melhor defesa, são geralmente castigados com a obtenção de pontos pelo adversário.

Os Lobos demonstraram que estão muito melhores a defender, quer através das suas linhas atrasadas, quer através do alargamento do raio de ação dos seus avançados, e também não restam dúvidas que o rendimento ofensivo mais que duplicou (!) já que a atacar conseguimos mais e melhor que no passado, marcando cinco ensaios nos dois jogos, quando no ano anterior apenas conseguimos dois, e esse é um crédito que tem que ser dado aos actuais técnicos e jogadores.

Por outro lado em relação às linhas atrasadas, não raro se tornou difícil distinguir entre um dos seus elementos e um elemento do pack avançado, quer pela sua presença física, quer pela agressividade com que enfrentaram as situações.

E quando falamos de “defesa” estamos a incluir as situações de disputa ou recuperação de bola nas formações espontâneas, com os nossos três quartos a desenvolverem movimentos que até agora, em Portugal, apenas víamos acontecer com os oito da frente.

Quanto aos oito da frente, a capacidade atlética do seu conjunto foi o que mais impressionou, em especial por se ter transformado o conceito de eficácia nas formações ordenadas e alinhamentos, por um conceito global de competência e mobilidade que muito nos agradou.

Não vamos fazer nenhuma referência individual, mas a verdade é que os nossos avançados cobriram quase sempre, quase todo o terreno, e pela primeira vez, em dois jogos seguidos contra dois adversários de grande valor – há quem desdenhe afirmando que Roménia e Rússia não se apresentaram com a sua melhor equipa, são tretas, os Lobos simplesmente não os deixaram jogar! – com uma ou duas excepções absolutamente esporádicas, ou fomos superiores ou, pelo menos, não fomos dominados.

Não pretendemos aqui fazer uma análise exaustiva do que se passou nos jogos anteriores, mas não podíamos deixar de prestar justiça à evolução que se viu e sentiu na equipa conduzida por Errol Brain e Frederico Sousa.

No entanto, nem tudo o que se disse anteriormente quer dizer que tudo correu bem.

Na verdade subsistem algumas dúvidas que tememos se possam transformar em nuvens mais ou menos negras, e apesar dos sucessos que tanto nos satisfazem não podemos embarcar na simples e fácil via do elogio, para com isso cairmos nas graças de uns ou de outros.

Apesar da melhoria global do grupo dos 24 jogadores já utilizados, e de sentirmos que uma pontual troca de um avançado pode não afetar a equipa, a sensação que ficou dos jogos realizados foi que as soluções portuguesas se esgotam neste lote de jogadores, eventualmente em mais um ou dois.

E tanto mais assim é, que a situação perigosa que vivemos no que diz respeito aos nossos médios de formação, ganha contornos de difícil compreensão.

Mas vamos por partes: será que o jogador que tem sido utilizado como segundo médio de formação não tem competência para o lugar? Nada disso.

O que se passa é que a movimentação de lugares que a troca de médios implica torna a nossa equipa objectivamente mais frágil, menos capaz de articular a sua movimentação, quer defensiva, quer ofensiva.

Quer isto dizer que os jogadores que tem entrado na equipa não são suficientemente bons para o lugar? Nada disso, eles apenas precisam de tempo para que se possa deles tirar tudo o que se deve tirar a este nível, e quando para trocar de médio de formação a equipa se vê obrigada a trocar de defesa e de um ponta, o risco de erro aumenta e os adversários têm aproveitado para se aproximar perigosamente de nós.

Por outro lado são óbvias as diferenças entre o estilo dos dois médios de formação utilizados, e se um empurra os seus avançados para extremos de exigência que os pode conduzir à exaustão, a verdade é que o outro, sendo embora um grande distribuidor de jogos, à mão ou ao pé, não consegue manter os níveis de agressividade dos oito da frente, com o conseqüente abaixamento no rendimento global da equipa.

E na nossa opinião, a verdadeira razão do sucesso desta equipa reside nos altos níveis de agressividade, defensiva e ofensiva, a que os nossos adversários não estão habituados, e se mantivermos esses níveis durante os 80 minutos contra a Geórgia, então será possível reverter uma linha de resultados que não nos é favorável desde 5 de Fevereiro de 2005.

Em resumo, achamos que o médio de formação dos Lobos é o calcanhar de Aquiles de Portugal, mesmo tendo dois excelentes intérpretes, e mesmo que as nossas linhas atrasadas, no seu todo, sejam o melhor conjunto do Campeonato da Europa.

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

LOBOS NA TAÇA DAS NAÇÕES 2011

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PORTUGAL REGRESSA À TAÇA DAS NAÇÕES EM JUNHO, defrontando os Jaguares da Argentina, os Kings da África do Sul e a Namíbia, num torneio feito à medida para preparar algumas seleções para o Mundial, mas onde os Lobos terão oportunidade de confirmar os seus recentes sucessos.

O torneio terá lugar em Bucareste entre os dias 10 e 19 de Junho, e a Geórgia e a Roménia juntam-se a Portugal, defrontando os mesmos três adversários.

Recorde-se que no ano passado a Namíbia foi a vencedora da prova, que contou com a presença das mesmas equipas e mais a Itália A, equipa que este ano os Lobos substituem.

Portugal apenas participou da prova em 2006, ano da sua introdução no calendário internacional, não tendo sido escolhido para participar desde então, apesar do alargamento da competição de três para seis equipas, logo no segundo ano em que se disputou.

Veja aqui o Calendário completo dos jogos:



Dia 1 Sexta-feira 10 de Junho
17:00   Romania v Namibia   
19:00   Georgia v South African Kings
21:00   Argentina Jaguars v Portugal
 Dia 2 Quarta-feira 15 de Junho
17:00   Georgia v Argentina Jaguars
19:00   Romania v South African Kings
21:00   Portugal v Namibia
Dia 3 Domingo 19 de Junho
17:00   Portugal v South African Kings
19:00   Georgia v Namibia
21:00   Romania v Argentina Jaguars

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

LOBOS DERRUBAM CARVALHOS

UMA VITÓRIA POR 24-17 FOI O RESULTADO JUSTO DO ENCONTRO QUE OPÔS PORTUGAL À ROMÉNIA, no primeiro jogo do Campeonato da Europa das Nações de 2011, abrindo excelentes perspectivas quanto ao futuro de Portugal na competição.

Os três ensaios marcados por Portugal que ditaram a terceira vitória da história do rugby luso frente aos romenos – e aquela que teve maior expressão, já que as duas anteriores aconteceram apenas por um ponto de vantagem – pecou apenas por escassa, já que apesar do maior poder dos carvalhos nas formações ordenadas, quem dominou o sector avançado foram mesmo os portugueses, quer defendendo de forma a não permitir a conquista da linha de vantagem por parte dos visitantes, mas também pela contínua pressão que aplicaram sobre os adversários, com constantes raides onde os romenos menos esperavam – pelos avançados.

Portugal começou bem com um ensaio de Pedro Silva logo na primeira bola de jogo, com uma sucessão de pontapés para lá e para cá, que o centro português aproveitou da melhor maneira – tirando partido da dificuldade de movimentação das linhas atrasadas romenas – e marcando entre os postes.

A transformação de Joe Gardener foi simples, o mesmo se não podendo dizer da penalidade que ele transformou a cerca de 55 metros dos postes, com uma facilidade que dá crédito à sua condição de grande pontapeador.

Mas foi só aos 22 minutos de jogo que a sorte se mostrou lançada, quando António Aguilar na conclusão de um movimento que começou na nossa área de 22, marcou o segundo ensaio português, e quatro minutos depois, aos 26, quando Frederico Oliveira aproveitou uma falha técnica do ataque romeno, mais uma vez junto aos nossos 22, e correu todo o campo para marcar o terceiro ensaio dos Lobos, mais uma vez transformado por Gardener.

Com o intervalo a chegar com os portugueses na frente, com uma vantagem muito apreciável (24-3), atravessou o Universitário a sensação de que poderia ser um resultado memorável.

Mas a segunda parte chegou e apesar do ritmo de jogo se manter na mesma, com os romenos a tentarem forçar o jogo pelos poderosos oito da frente, mas sem conseguirem quebrar a linha de defesa nacional, foram ainda os Lobos que perderam as duas mais claras oportunidades de marcar, quando Vasco Uva se deixou placar, já com as bancadas todas de pé, e perdeu um ensaio feito, e quando na melhor jogada dos Lobos em toda a partida, um avant infantil, deitou por água abaixo a ocasião.

Os romenos subiram de rendimento e acabaram por marcar dois ensaios tranformados, que reduziram os números aos finais 24-17, podendo os visitantes dar-se por muito felizes do ponto de bônus que levaram de Lisboa, e da tareia que não levaram, mas estiveram na eminência de sofrer.

Quanto à segunda metade do segundo tempo, vieram à tona alguns dos nossos problemas, e não compreendemos a troca que Errol Brain fez, subindo Pedro Leal para a formação e tirando José Pinto – que mais uma vez esteve muito bem no jogo com os avançados – e passando António Aguilar para a defesa.

Se a idéia era dar algum tempo de jogo a todos os elementos, então teria sido altura de manter a estrutura da equipa e substituir Gonçalo Foro, que fez um jogo excepcional, mas que denotava algumas óbvias dificuldades de recuperação física. As outras alterações nas linhas atrasadas só podem ter como justificação a vontade de dar um prémio a todos os jogadores, mas a verdade é que isso nos pode ter custado o quarto ensaio e o respectivo ponto de bônus, e nunca saberemos se mantida a estrutura da equipa os romenos teriam conseguido o ponto de bônus defensivo que levam na bagagem.

Ou seja, em vez da diferença entre as duas equipas ser, na tabela classificativa, de cinco pontos, ela é apenas de três.

Quanto aos avançados o que mais impressionou foi a decisão com que atacaram os carvalhos no seu ponto mais forte, não dando nem espaço nem tempo para eles se organizarem e ultrapassarem a linha de vantagem, obrigando-os mesmo a circular a bola pelas linhas atrasadas, que não tem competência para jogar a este nível e foram simplesmente dominadas pelos portugueses.

Numa equipa que esteve muito bem no seu geral, uma palavra para Vasco Uva na primeira parte e Julien Bardy na segunda, nos avançados, e para António Aguilar e José Pinto nas linhas atrasadas.

Agora os Lobos vão a casa dos Ursos, e a tarefa não vai ser nada fácil, apesar da vitória pouco expressiva que estes conseguiram frente à Espanha – os Leões – por 28-24, mas uma coisa é certa: a equipa está forte, com mobilidade e com muita vontade de fazer bem.

A continuação dos jogos apenas a pode fazer melhorar, e talvez fosse altura para Brain decidir pela chamada de um segundo médio de formação com rotina do lugar, pois em caso de lesão de José Pinto, com a entrada de Pedro Leal vai-se perder uma parte substancial da dinâmica dos nossos avançados.

De qualquer modo Errol Brain ganhou a aposta e pode mesmo dizer-se que acaba por ser a carta mais forte que a actual direção pode utilizar até este momento.

Parabéns a todos os envolvidos!


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

OS LOBOS VÃO ATACAR ONDE MAIS DÓI AOS CARVALHOS

DEPOIS DE 3 MESES, 3 JOGOS E 33 CONVOCADOS, Errol Brain põe a sua armada em campo e vai atacar a Roménia onde ela é mais forte: nos avançados.

Com um pack avançado de peso, e com um banco à altura, esta equipa portuguesa pode mesmo fazer história e conseguir um resultado memorável.

O regresso de Juan Murre à equipa e de Eduardo Acosta ao XV inicial, com a passagem de Juan Severino para a terceira linha, depois de em Novembro ter jogado na segunda linha contra os Estados Unidos e a Namíbia, são a prova que Brain tomou as rédeas da equipa e dispôs as peças da forma que melhor se adapta à sua concepção do jogo.

Anthony Alves faz a sua terceira entrada nos Lobos com João Correia, o capitão, a talonar, e Gonçalo Uva, Vasco Uva e Julien Bardy a completarem os oito da frente iniciais.

Nenhuma surpresa nas linhas atrasadas, com José Pinto e Joe Gardener a comandarem as operações, Pedro Silva e Frederico Oliveira no centro, com António Aguilar e Gonçalo Foro nas pontas, e Pedro Leal na defesa.

No banco fica João Junior e Lionel Campergue para a primeira linha, Tiago Girão e Laurent Balangue para a segunda e terceira, enquanto Pedro Cabral, Francisco Mira e José Lima dão cobertura às linhas atrasadas.

De fora ficou um naipe de bons jogadores, mas com mais quatro jogos para realizar em pouco mais de um mês, é provável que alguns deles venham a ter a sua oportunidade ainda este ano.

Aqui fica a lista dos 22 escolhidos para o jogo de sábado.


Posição
Nome
Clube
Peso
Altura
Int. XV
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
Pilar Esquerdo
Talonador
Pilar Direito
2ª linha
2ª linha
3ª linha
3ª linha
3ª linha
Formação
Abertura
Ponta
Centro
Centro
Ponta
Defesa
Talonador
Pilar
2ª linha
3ª linha
Abertura
Centro
Ponta
Juan Murre
João Correia (Cap)
Anthony Alves
Eduardo Acosta
Gonçalo Uva
Vasco Uva
Julien Bardy
Juan Severino
José Pinto (V.Cap.)
Joseph Gardener
António Aguilar
Pedro Silva
Frederico Oliveira
Gonçalo Foro
Pedro Leal
Lionel Campergue
João Junior
Tiago Girão
Laurent Balangué
Pedro Cabral
Francisco Mira
José Lima
El Salvador
Direito
Montauban
Direito
Montpellier FC
Direito
Clermont Auvergne
Agronomia
Direito
Aubenas
Direito
Belenenses
CDUL
CDUL
Direito
Pau
CDUL
CDUL
Colomiers Rugby
CDUL
Agronomia
Agronomia
114
104
117
110
108
99
100
112
85
87
98
94
92
94
76
95
130
100
98
87
75
90
1,81
1,74
1,86
1,90
2,01
1,88
1,88
1,86
1,85
1,93
1,91
1,83
1,90
1,88
1,61
1,70
1,80
1,87
1,89
1,80
1,78
1,84
20
56
2
17
51
66
5
33
50
8
60
18
8
25
44
1
14
29
3
30
10
2


Foto: António Simões dos Santos


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